sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Lizzi: O Símbolo Perfeito da Imperfeição

Meu próximo livro se chamará: Lizzi: O Símbolo Perfeito da Imperfeição.
Onde irei contar a minha história ao longo desse ano.
Ainda não tenho um resumo, mas logo que eu fizer, juro que postarei aqui.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

3º e 4º capítulo do livro Por que devemos amar?

3 - Normalmente

  É nessas horas que a mãe é uma boa conselheira.
  - Alô? Mãe?
  “Oi filha.”
  - A Emily está bem?
  “Está.” Ela percebeu meu estado. “O que está acontecendo?”
  - Lembra do Fábio?
  “Aquele rapaz que vai fazer o filme com você?”
  - Sim.
  “O que tem ele?”
  - Ele está apaixonado por mim e eu não quero magoá-lo.
  “Devia dar uma chance para ele.”
  - Você sabe que eu não quero me apaixonar.
  “E você sabe que a Emily precisa de um pai.”
  Suspirei.
  - Eu sei disso, mãe.
  “Então?”
  - Não é por isso que eu vou sair agarrando o primeiro homem que eu vejo na minha frente.
  “Mas ele não é o primeiro homem. Ele está apaixonado por você!”
  - Mas eu não estou apaixonada por ele.
  “Só por que não quer.”
  - Exatamente.
  “E qual o motivo de você me contar isso?”
  - Queria saber sua opinião, mas acho que foi uma idéia ruim.
  “Você devia tentar ser feliz.”
  - Eu sou feliz!
  “Tudo bem, Alice, eu não vou falar mais nada.”
  - Eu te amo, mãe.
  “Eu também te amo. Tchau.”
  - Tchau.
  Daqui uma semana ia começar as aulas da Emily, então ela vai voltar logo. Meu pai estava em Nova York e só ia chegar daqui um mês. Deitei, coloquei meu fone de ouvido e coloquei a música no volume mais alto. - Funcionou: eu dormi.
  Acordei em cima da hora para um café com o nosso figurinista, então praticamente saí correndo. Chegando lá eu me lembrei que tínhamos desmarcado. - Droga - Ignorando os fãs eu saí andando pela rua.
  - Dando um passeio?
  - Oi Fábio! Acho que passear não é a palavra certa, perseguida é melhor.
  - Perseguida! - repetiu - Assim dá para pensar que eu sou um seqüestrador.
  Ri.
  - Não estou falando de você. - mostrei a multidão - São eles.
  - Ah. Assim me sinto melhor.
  - E você? O que faz por aqui?
  - Eu moro aqui. - ele mostrou a casa na nossa frente - Não é como a sua mansão, mas pelo menos é um teto.
  - Eu preferia morar em uma favela a morar naquela mansão.
  - Por quê?
  - Por que é muito chamativa, parece que eu estou querendo dizer a todo mundo que sou rica.
  - E não está?
  - Não. Meus pais que me deram, eles são exagerados.
  - Pelo menos eles sabem que você existe.
  - O que?
  - Algum dia eu te conto.
  Fiquei um tempo tentando definir o que ele disse, mas desisti.
  - E aí? Posso conhecer sua casa?
  - Está meio bagunçada.
  - Aposto que o quarto da minha filha está pior, não se preocupe, eu não ligo para isso.
  - Então tudo bem.
  Nós subimos à escada e ele abriu a porta. Era bem simples, como eu gosto.
  - Não está tão bagunçada.
  - É por que você não viu o segundo andar.
  - Eu devo ter medo?
  - Deve ter pavor.
  - É tão ruim assim?
  - Não. - riu - Só estou tentando te assustar.
  - Acho que não deu muito certo. - ele pegou meu casaco e pendurou perto da porta.
  - Eu sou uma pessoa calma, não me assusto.
  - Nossa. Eu me assusto com muita facilidade.
  - Vou tentar me lembrar disso.
  - Não se lembre.
  - Vai ser difícil.
  Ele me mostrou a cozinha e a copa e me levou para o segundo andar.
  - Não devo ter medo mesmo?
  - Eu já não disse que era brincadeira?
  - Acho que não estou acreditando muito.
  - Eu estou dizendo a verdade... Esse é o quarto de hóspedes, e esse é meu quarto.
  Levantei uma sobrancelha.
  - Não deve ter medo!
  - Mesmo?
  - Mesmo.
  - Então pode me mostrar.
  Ele abriu a porta. Era bem a cara dele: cheio de quadros e um guarda-roupa imenso.
  - É lindo!
  - Está dizendo isso para me agradar.
  - Não. É verdade.
  Eu olhei sua estante e estava cheio de livros.
  - Ler é bom. Melhora a linguagem.
  - É meu passatempo. Você gosta?
  - Gosto. Também é um passatempo para mim, apesar de eu não ter muito tempo.
  - Vida de artista é uma loucura.
  - Daqui a pouco você também vai passar por isso.
  - É. Fazendo um filme com Alice Costa...
  - Não é por isso. Você tem talento.
  - Tenho sim. - ele abaixou a cabeça.
  - Se não tivesse, eu não teria te escolhido.
  - Pode ser.
  - Por que não acredita no seu talento?
  - Por que eu estou pouco me lixando para ser ator.
  - Então por que se candidatou ao filme?
  - Só por que preciso de trabalho, fora isso mais nada.
  - Se queria um trabalho, por que não arranjou um mais simples?
  Ele abaixou a cabeça.
  - Estou me metendo onde não devo?
  - Acho que sim.
  - Então se encerra esse assunto.
  Ele pegou um livro.
  - Ler espanta os problemas.
  - E a solidão!
  - Às vezes sim. É bem divertido, imaginar as cenas.
  - É. E também nos faz rir.
  - E chorar. É como se nós fossemos um dos personagens.
  - Ou todos.
  Ele ficou me olhando.
  - Sabe que eu nunca reparei a cor dos seus olhos? Verdes!
  - Herança da minha mãe. O cabelo, loiro escuro, é do meu pai.
  - Sua mãe deve ser linda.
  - É linda, apesar da idade.
  - Quantos anos ela tem?
  - Sendo educada: quarenta. Mas sendo sincera: cinqüenta!
  - Ela é bem nova.
  - Ela me teve bem nova, mas não adianta que eu não vou falar minha idade.
  - Eu não ia perguntar mesmo.
  - Sei.
  - Se não quer acreditar...
  - Tudo bem. Eu acredito.
  - Que bom. - acariciou meu rosto.
  - Eu tenho que ir. - olhei o relógio - Daqui a pouco eu tenho que almoçar com o Eduardo.
  - Quer que eu te deixe lá? - ele abaixou a mão.
  - Meu carro está do outro lado da rua.
  - Então eu posso te levar até a porta?
  - Pode.
  Nós descemos e ele me entregou o casaco.
  - Ensaio na sua casa hoje?
  - Sim. Há mesma hora.
  - A única disponível.
  - Isso mesmo. - e fui até o meu carro.
  Prestei muito pouca atenção nos meus outros compromissos. Minha mãe me ligou avisando que a Emily ia chegar amanhã. - suspirei - Até que enfim.
  Cheguei em casa às sete e meia e encontrei o Fábio dentro do carro dele.
  - Vai passar a noite aí? - brinquei - Para uma mulher, eu não demorei muito.
  - Não vou passar a noite aqui e você realmente não demorou como eu esperava.
  - Eu passei numa livraria. - tirei o livro da bolsa - Mais um para a minha coleção!
  - Qual é o nome?
  - Casa de Pensão. Aluísio Azevedo.
  - Eu tenho esse. É muito bom.
  - Não me conte o final. - alertei.
  - Eu não seria capaz.
  - É bom mesmo. Pronto para ensaiar?
  - Prontíssimo.
  Desta vez eu decidi focar na cena nove, por que era a mais forte de todo o filme.
  - Eu queria saber o motivo de tanta tristeza, Suzana.
  Eu chorei.
  - É por que eu não posso ficar com você, Renato. Você não seria feliz comigo. Eu te amo, mas não tem como ficarmos juntos.
  - Por quê?
  Eu suspirei e sentei no sofá.
  - Eu não posso ficar com você Renato, por que...
  - Por quê?
  - Por que eu... Eu posso morrer a qualquer momento.
  Ele fez cara de quem estava perplexo.
  - Estou com um tumor no cérebro. O fato é: eu não posso ficar com você, por que você também me ama, e eu posso morrer a qualquer momento e você...
  - Pouco me importa se você está prestes a morrer, Suzana...
  - Pouco importa? Como assim?
  - Pouco me importa se você está prestes a morrer, por que eu te amo e quero aproveitar ao máximo esse amor.
  - Mas quando eu morrer você vai ficar sofrendo.
  - Sofrer! - exclamou - Vou sofrer muito mais se não ficar ao seu lado. Pouco me importa se você vai morrer hoje, amanhã, semana que vem mês que vem ano que vem... O que me importa é ficar do seu lado, nada mais do que isso.
  - Como pode? Eu não quero que você sofra.
  - Só vai me fazer sofrer se não me deixar ficar ao seu lado.
  - Você seria capaz de fazer esse sacrifício?
  - Não vai ser um sacrifício, mas por você eu sou capaz de tudo.
  - Mais um motivo para eu te amar tanto.
  - Eu tenho todos os motivos para te amar. - ele se sentou ao meu lado - Então? Vai deixar que o destino transcorra normalmente e me deixe ficar ao seu lado?
  - Sim!
  - Então eu posso te fazer feliz até o último minuto? - ele segurou minha mão.
  - Sim! - suspirei.
  - Agora só me resta dizer: eu te amo!
  - Você sabe que eu também te amo.
  Mas antes que chegasse a parte do beijo, eu interrompi.
  - Acho que essa cena está bem ensaiada! - era a quinta vez, e eu não gostava de ter que beijá-lo - Quer continuar?
  - Muito ensaio ainda é pouco.
  - Ainda bem que você tem talento, senão iríamos ter que varar a noite ensaiando.
  - Você não ia agüentar essa rotina, eu sou um desocupado.
  - Não fale isso.
  - Eu tenho que falar! O que eu faço além de ensaiar para esse filme? Nada! Nem sei como estou sobrevivendo enquanto não começamos a gravar o filme.
  - Com esse seu talento, quem sabe um dia você vire meu vizinho?
  - Eu adoraria!
  Mudei de assunto:
  - Qual cena podemos ensaiar agora?
  - Qualquer uma, apesar de eu achar que nós estamos tão ensaiados que parecemos até o Renato e a Suzana.
  - Isso acontece quando tem dois profissionais que sabem o que fazer.
  - Não acho que seja isso.
  - Então o que é?
  Ele aproximou seu rosto do meu.
  - Acho que o que está acontecendo aqui é uma pequena raiz de um grande amor.
  - Pois acho que está enganado!
  - Negação: primeiro sinal do amor.
  Suspirei. - eu não podia negar que a cada dia eu gostava mais dele, mas amor? - balancei a cabeça.
  - Por que não admite?
  - O que?
  - Que gosta de mim.
  - Eu gosto de você!
  - Não do jeito que pensa estar gostando.
  - Não force mais as coisas.
  - Ninguém aqui está forçando nada.
  - Então por que quer que eu admita uma coisa que eu não sinto?
  - Por que você sente.
  - Desisto. - levantei as mãos.
  - De que?
  - De tentar te dizer que o que eu sinto não é amor.
  - Também desisto.
  - De que?
  - De tentar te fazer ver o óbvio. Vou esperar as coisas se ajustarem normalmente.

4 - Última Cena

  - Amanhã tem ensaio?
  - Você sabe que tem.
  - Era só para confirmar.
  Quando ele se aproximou para me beijar, vi minha mãe e minha filha entrando. - suspirei de alívio.
  - Te vejo amanhã?
  - Sim.
  E foi embora.
  - VOCÊS NÃO DISSERAM QUE IAM CHEGAR AMANHÃ?
  Minha mãe esperou chegar perto de mim para me responder:
  - Tivemos que voltar por que...
  Emily tinha uma cara de quem segurava o choro, mas minha mãe desabou em lágrimas.
  - O que foi? - perguntei assustada.
  Emily correu para dentro de casa sem ao menos me abraçar.
  - O que aconteceu mãe?
  - O seu pai, o John...
  - O que tem meu pai?
  Minha mãe não conseguia responder por causa de violentos soluços seguidos por choro.
  A levei para a sala e sentamos no sofá.
  - O que foi? Vocês brigaram?
  - Não. Pior que isso.
  - Se separaram?
  - Não.
  - Então o que é? - eu estava começando a ficar realmente assustada.
  - Ele teve um ataque cardíaco e morreu.
  Quando ela disse isso, foi como se eu tivesse virado uma estátua com a expressão vazia e de olhos arregalados.
  Levei quase uma hora para sair dessa posição, somente por que minha mãe pegara no sono. - peguei um travesseiro e uma coberta e a deixei dormindo ali enquanto subia para o meu quarto.
  Eu me deitei e decidi ligar para o Fábio.
  - Pode voltar aqui? Estou precisando de você.
  “O que está acontecendo?”
  - Não pergunte nada, por favor, só venha aqui.
  “Já estou saindo.”
  Alguns minutos depois ele chegou e levou mais alguns minutos para encontrar meu quarto.
  - Alice? O que está acontecendo? - perguntou alarmado com minha expressão.
  - Deite aqui. Preciso de ajuda. Estou desesperada. Não tem ninguém para fazer me sentir melhor.
  - Melhor por quê?
  - Minha mãe e minha filha tiveram uma razão para voltar mais cedo. - eu forçava o nó da minha garganta para baixo, mas era impossível - Meu pai morreu...
  E consegui chorar tudo o que eu podia, ensopando sua jaqueta. Eu soluçava sem parar e, às vezes, até engasgava com tanto soluço. Ele tentava me acalmar a qualquer custo, mas essa “batalha” eu consegui vencer.
  Dormi em seus braços.

  Quando acordei, ele ainda estava lá na mesma posição que eu me lembrava, acordado.
  - Desculpe por ter te tirado da sua casa e te feito dormir aqui.
  - Você precisava de ajuda.
  - E ainda preciso. Meu pai... - parei antes que voltasse o choro violento.
  - Sei como é isso.
  - Sabe?
  - Perdi meu pai quando tinha nove anos.
  - Acho que não ia agüentar se eu tivesse essa idade... Vou cancelar todos os meus compromissos para hoje, não estou com cabeça para nada. - olhei para o vazio - Hoje à tarde o corpo do meu pai vai chegar para um enterro, não sei se vou conseguir olhar para ele dentro de um caixão. - balancei a cabeça.
  - Se quiser eu posso ficar aqui com você quando ele chegar.
  - Faria isso por mim?
  - Claro. Não vou te deixar sozinha numa situação dessas.
  - Você é uma pessoa muito boa. - o abracei.
  - Só estou tentando ajudar.
  Desci para pedir o café e fiquei feliz de que minha mãe ainda não tivesse acordado. Emily também estava dormindo.
  - A empregada está de folga. - me lembrei - Pode pegar o que quiser na cozinha, Fábio.
  - Não estou com fome. Quer comer alguma coisa?
  - Acho que nada vai descer pela minha garganta agora.
  - Você precisa...
  - Não quero comer! Só quero me sentar no sofá com você ao meu lado, por favor.
  - Tudo bem.
  Sentamos e ficamos assistindo a um programa qualquer.
  Minha mão, que estava no sofá, sem querer tocou a dele.
  - Desculpe. - corei.
  Ele apenas sorriu e voltou a olhar a TV.
  Minha mãe desceu as escadas lentamente e foi para a cozinha sem dizer nada.
  - Ela está tão mal. - comentei - E eu não posso ajudá-la, por que eu não consigo nem me ajudar.
  - Vocês vão conseguir!
  - Não tenho muita certeza.
  Ele desistiu e voltou a olhar a TV.
  - Semana que vem nós vamos começar a gravar o filme, Fábio. Espero que tenhamos ensaiado bastante.
  - Hora extra todo dia tem que dar seus resultados. - riu.
  Não consegui deixar de rir também.
  - O Eduardo deve estar a mil por hora, você vai descobrir como os diretores podem nos dar nos nervos.
  - Vou indicar alguns calmantes para ele.
  - Acho que nenhum vai fazer efeito.
  - Então vamos ter que agüentar um diretor com estresse.
  - Vamos.
  Ele se aproximou para me beijar, mas eu toquei seus lábios.
  - Seja bonzinho.
  - Como quiser.
  Quando foi chegando a tarde, troquei de roupa e me preparei. - não ia ser fácil.
  - Não sei se eu vou conseguir. - eu disse a ele quando vi o carro chegando.
  - Eu vou te ajudar.
  - Não vou conseguir. - repeti.
  Ele segurou minha mão.
  - Não tenha medo. Eu estou aqui para te ajudar, não estou?
  - Está. - suspirei.
  O carro chegou. Atrás vieram mais carros com todos os parentes. - não tive coragem de ficar perto quando estavam arrumando as coisas.
  Quando colocaram meu pai no caixão no meio da sala, me aproximei para olhar.
  - Ah meu Deus. - comecei a chorar.
  - Calma Alice.
  Mas eu não consegui me conter e apaguei.
  Quando acordei, tinha várias pessoas em cima de mim.
  - Dê espaço para ela respirar. - Fábio tentou afastar as pessoas.
  Precisei de ajuda para conseguir me levantar. Me deram um copo de água com açúcar, mas eu não consegui tomar. Ele me sentou no sofá e continuou segurando o copo na minha frente para o caso de eu mudar de idéia.
  - Tem certeza que não quer?
  Desisti e bebi o copo inteiro.
  - Eu avisei que não ia conseguir, preciso ir para o meu quarto. Pode me levar?
  - Claro.
  Subimos a escada lentamente. Ele se sentou na cadeira ao lado da cama, e eu me enfiei embaixo da coberta.
  - Pega um livro para mim? - pedi - Qualquer um. Preciso ocupar a cabeça.
  Ele me entregou um livro. Comecei a ler, mas nem fazia idéia sobre o que era. O fechei e coloquei ao meu lado.
  - Acho que não vou conseguir. Ainda não enfiei na cabeça que nunca mais vou ter meu pai aqui, para me dar conselhos, me repreender, dizer que eu sou eternamente a filhinha dele... É quase impossível.
  - Eu sei.
  Decidi puxar conversa para me distrair.
  - Do que seu pai morreu?
  - Bala perdida.
  - Nossa... Você devia gostar muito dele!
  - Sim. Ele era como um amigo para mim. Meu herói!
  - Eu sinto o mesmo.
  - Para mim, ele era o super-homem, o batman. Coisas de criança! Ele tinha uma paciência enorme comigo, coisa que minha mãe não tem! Eu era muito levado!
  - E a sua mãe?
  - Ela mora em São Paulo. Eu decidi vir aqui para o Rio de Janeiro.
  - Por quê?
  - Sempre foi meu sonho, morar aqui, criar uma família aqui. - ele olhou para mim.
  - Até meus cinco anos, meu sonho era ser princesa. - nós rimos - Depois eu queria ser rainha! Aos treze anos decidi ser atriz!
  - E por que decidiu ser atriz?
  - Sempre gostei de teatro, e quando estou fazendo uma personagem, parece que eu sou essa personagem. Se ela está triste, eu estou triste. Se ela está alegre, eu estou alegre... É bem estranho, mas muito divertido. E você? Quando decidiu ser ator?
  - Quando descobri que não tenho talento para ser ator.
  - Como assim?
  - Eu nunca fui bom para atuar, então decidi começar a “aprender” a ser ator. Comecei a estudar na internet. Comecei a discutir, rir, com o espelho...
  - Com o espelho?
  - Estava tentando fingir que eu era a melhor pessoa para me ensaiar.
  - Que bizarro!
  - Mas dá certo.
  - Vou tentar seguir esse seu “método”.
  - Você não precisa. Já é uma profissional.
  - Mas é sempre bom melhorar.
  Depois que fiquei melhor, acompanhei o enterro do meu pai. E - é claro - que não parei de chorar um minuto.
  Minha mãe tinha posto um óculos escuros e não conseguia mais chorar, pelo que me disseram, ela já tinha acabado com as lágrimas só no velório.
  Quando voltamos para a casa, Emily não disse nada mais uma vez e foi para o quarto. A mãe foi para o quarto dela também. Fábio teve que ir para a casa e trocar de roupa, depois voltava. Resumindo: tive alguns minutos sozinha que me pareceram uma eternidade.
  Fiquei três dias desmarcando qualquer compromisso, até que fui capaz de sair de casa.
  Fábio e eu retomamos nossos ensaios.
  - Penúltima cena? - perguntei olhando mais uma vez o roteiro.
  - Pode ser.
  Chegando a última parte da cena:
  - Eu nunca vou te esquecer, Suzana. Você marcou a minha vida. Você foi e sempre será o grande amor da minha vida.
  - Eu sempre te amei, Renato. Não importa quanto tempo fiquei guardando esse sentimento só para mim, hoje eu já posso dizer eu te amo sem medo de me magoar. Sem medo de sofrer.
  - Sem nenhum medo! Eu quero e vou te fazer a mulher mais feliz do mundo.
  - Mesmo com esse meu mau humor? Com o pouco tempo de vida que tenho?
  - Claro.
  Nós nos abraçamos alegremente. Fim da cena.
  Sem graça, me afastei do seu abraço.
  - Parece que estamos virando os personagens! Como você disse que virava!
  - É. Com o tempo você se acostuma.
  Tentei me levantar, mas ele me segurou.
  Ele me sentou e me olhou.
  - O amor é engraçado - começou - nos apaixonamos, mas, se a pessoa não te ama tudo fica confuso. Diferente. É bem difícil.
  Abri a boca para falar, mas ele continuou:
  - Quando se está apaixonado, você repara nos mínimos detalhes, por exemplo: quando está alegre, você fica toda animada. Quando está triste, não há Cristo que te anime. Quando está concentrada no ensaio, nunca erra uma fala. Quando está curiosa, levanta uma sobrancelha. Quando está preocupada, sempre tem uma covinha entre seus olhos. - ele tocou o lugar que tinha dito - Você não sabe como é difícil olhar para você e não poder te beijar, não poder compartilhar desse sentimento que tenho. É muito difícil, por que eu te amo e você não tem o mesmo sentimento. Por favor?
  Nós nos aproximamos um do outro. Ele encostou levemente os lábios nos meus, mas minha mãe interrompeu.
  Suspirei e fui ver o que ela queria.
  - O que foi mãe?
  - Eu vou ter que voltar para Seattle, o John deixou alguns problemas inacabados e eu vou ter que resolver. - ela não escondia como isso ia lhe custar.
  - Tem certeza de que quer fazer isso?
  - Eu preciso.
  - Se eu não estivesse tão ocupada com o filme, eu poderia ir com a senhora...
  - Tudo bem. Cuide da sua carreira, que eu vou voltar para a casa e resolver os problemas. Tenho que ver sua irmã. Vou estar de volta antes que sinta minha falta.
  - Isso vai ser difícil, pois já estou sentindo.
  Ela pegou as malas, chamou um táxi e foi direto para o aeroporto.
  Virei de frente para o Fábio sorri:
  - Última cena?

Modinha

Quem pensa que Crepúsculo é somente uma modinha, está muito enganado.
Aposto que quando Shakspeare escreveu Romeu e Julieta, todos pensavam que era só uma modinhas, mas hoje é a mais linda história de amor que já li.

Crepúsculo pode ser mais uma história, mas as críticas são irracionais se virem do meu ponto de vista:
1 - A linguagem usada no livro é melhor do que muito livro que circula por aí.
2 - As características dos vampiros são essenciais, todos pensam que vampiros são apenas uns caras que chupa o sangue humano, mas não é! A visão, a audição e todas as características deles fazem sentido pelo que eles são. 
3 - O amor que nasce entre os protagonistas é impressionante, só não supera o de Heathcliffe e Catherine, e Romeu e Julieta. - É incrível ver como uma adolescente pode se apaixonar tão intensamente.
4 - Todo o desenrolar da história depende de cada livro. Ex.: Se você não leu Crepúculo, não vai entender Lua Nova; se você não leu Crepúsculo e Lua Nova, não vai entender Eclipse; se você não leu Crepúsculo, Lua Nova e Eclipse, não vai entender Amanhecer. - Então um livro depende do outro, coisas que aconteceram em Crepúsculo podem mudar o rumo de todos os outros livros. - Se você não prestar atenção no que está lendo não vai entender. - Por isso que surgem a maioria das críticas negativas.

Preconceito

  Sofro muito preconceito por causa da minha idade, todos acham que é só brincadeira. - Quando lhes conto que já escrevi um livro e estou escrevendo mais um, todos acham que é brincadeira, mas se eles lessem meus livros, não iam ficar pensando isso.
  Ah, qual é? Por que eles sempre acham isso? Treze anos não é idade de criança, posso muito bem escrever um livro!


Ps: Tenho o português muito melhor do que vários adultos.

sábado, 2 de outubro de 2010

Livro Preferido

Eu sou muito exigente quando se trata de livro, mas o meu preferido é O Morro Dos Ventos Uivantes.
É uma história de amor muito surpreendente. Heathcliffe e Catherine eram amigos de infãncia, se apaixonam perdidamente, mas são cruelmente separados pelo destino. Heathcliffe começa a viver num mundo de profunda raiva depois da morte de Catherine. Depois disso, há muitos fatores que podem mudar totalmente o rumo dessa história.

Recomendo esse livro a todos que gostam dos romances de 1800 e alguma coisa... - KKKKKKKKK.